Por Douglas Coelho da Radar Investimentos
Em 2020, a pandemia trouxe diversos efeitos até então inesperados em boa parte dos mercados. Exemplo disto são as compras online, que aceleraram de forma rápida praticamente exigindo uma corrida dos varejistas para o delivery e para as plataformas de venda.
No mercado financeiro, em momentos de crise, tipicamente é do comportamento humano correr para ativos de alta liquidez, evitar grandes riscos e proteger a exposição das dívidas. No final de março e início de abril, a incerteza era refletida na volatilidade quase que extrema.
No entanto, nos meses seguintes, com a taxa básica de juros do Brasil nas mínimas e ativos historicamente descontados, o comportamento não foi de retração, mas sim de “aterrissagem” dos investidores.
De acordo com dados da Bolsa, Brasil, Balcão (B3) até o ago/20, o número de pessoas físicas ou investidores comuns na bolsa havia alcançado 2.958.442. Na comparação com o dez/19, o incremento de CPFs foi de 76%. Desde o início da pandemia, de mar/20 até ago/20, o aumento foi de 52%.
Ou seja, o brasileiro está mais atento no mercado financeiro e na facilidade de acesso às tais ferramentas.
No mercado de commodities agrícolas, em especial do boi gordo futuro, o movimento foi semelhante, guardadas as devidas proporções. Hoje existem 20,1 mil contratos em aberto, cerca de 5,0% a mais frente ao final de 2019 e 4x mais do que o final de 2018.
Além disto, nos últimos dias, o mercado físico do boi gordo voltou a ter negócios mais frequentes ao redor de R$240,00/@, à vista em SP. Isto trouxe parte dos pecuaristas atentos a buscar alternativas para fixação da arroba no segundo semestre.
O título do texto de hoje faz referência as mudanças ou a aceleração que a pandemia deixou mais evidente. Talvez já tenha passado pela sua cabeça que o jeito de ir ao mercado, fazer reuniões, investir para aposentadoria já mudou e está em um caminho sem volta. A forma de se manter na atividade pecuária protegendo as margens ao longo tempo também. Até quando você vai ficar só olhando?!
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quinta-feira (3/set) da Scot Consultoria***