As últimas semanas tem sido difíceis para os pecuaristas e a maré de notícias negativas parece que não tem fim. O clima seco que chegou mais cedo ao centro sul do país já afeta negativamente a qualidade das pastagens nas regiões produtoras e com a capacidade de suporte diminuindo, o direcionamento dos animais terminados para o abate da vazão a uma maior pressão baixista no mercado físico. Os preços em São Paulo estão pressionados e a tentativa das industrias paulistas de emplacar preços de R$140,00/@, à vista, livre vem ganhando força.
Se pelo lado da oferta a situação piorou, pelo lado da demanda a situação também não teve alívio. O mercado interno mantém a mesma situação sofrível com a concorrência com frango e suíno e a única fonte de boas notícias nesse front que eram as exportações resolveu também sair do prumo. Os dados consolidados do mês de abril mostraram um volume pífio de 70 mil toneladas embarcadas, um recuo de 42% frente às 121 mil toneladas exportadas em março 18 e em empate técnico com abril de 2017 no auge dos efeitos da carne fraca em nossas exportações.
Dando continuidade ao fluxo de notícias negativas está a recente e forte alta do milho, com direito a limite de alta no contrato futuro de set/18 cotado atualmente em R$41,00/saca e eliminando todo o deságio da safrinha em relação aos preços atuais. Conforme abordamos no artigo da semana passada, a alta do dólar até o momento vem tendo mais efeitos negativos do que positivos para a pecuária, já que trouxe consigo fortes altas para milho e soja que são as commodities que ditam o preço do custo da alimentação no confinamento.
Até o momento o mercado futuro de boi ainda não refletiu a piora na conta do confinamento com altas mais fortes para a entressafra. A relação de troca atual de boi out/18 x milho set18 em 3,60 sacas/@ é uma das piores da história e com certeza está fazendo muitos produtores reverem as contas e a intenção de confinamento no ano. Normalmente quando as contas eram tão difíceis de serem fechadas a curva de preços futura respondia com altas relevantes trazendo algum alívio, mas esse não vem sendo o caso até agora.
É difícil acreditar que com a cotação da @ brasileira em dólares tão atrativa como atualmente, os embarques não voltem a ganhar ritmo nos próximos meses. Muito provavelmente o volume embarcado de abril será apenas um ponto fora da curva, mas tanto a indústria como os pecuaristas precisam urgentemente de notícias positivas. Resta torcer para que elas venham a tempo de estimular o confinamento de 2018.
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” da Scot Consultoria***