Por Leandro Bovo da Radar Investimentos
O ano de 2019 vinha com uma enorme expectativa com relação ás exportações de carne bovina, que vinham no embalo de um 2018 muito bom e com diversas notícias positivas esperadas para o decorrer do ano. Os dados de janeiro foram um pouco decepcionantes pois reportaram queda de 25% com relação ao embarcado em dez18 e números praticamente estáveis em relação a janeiro de 2018. Houve uma certa apreensão do mercado com relação ao dólar, que chegou a testar as mínimas de R$ 3,65 acendendo um farol amarelo nas projeções mais otimistas.
Felizmente os dados das duas primeiras semanas de fevereiro reverteram essas preocupações e retomaram um ritmo fortíssimo, com o MDIC reportando embarques de 75 mil toneladas apenas nas duas primeiras semanas do mês. Se esse ritmo se mantiver até o final do mês, ele representara um aumento de 30% contra o volume embarcado em fev/18. Ainda mais relevante que isso são os dados do faturamento em Reais das exportações, com o preço em reais por tonelada exportada subindo também 10% contra fev2018. Ou seja, o cenário na exportação é o melhor possível com expansão de 30% em volume e alta de 10% no preço por tonelada.
Essa melhora nas exportações está coincidindo com um momento de maior dificuldade de compra de animais no mercado físico, com notícias de dificuldade de se alongar as escalas de abate em diversos estados, com destaque para MT, GO e MG, onde altas de preços tem ocorrido com maior força. Essa dificuldade de compra aliado ao maior direcionamento de carne ao mercado externo tem deixado o mercado interno bastante enxuto, o que segurou os preços em alta mesmo no meio do mês, onde sazonalmente a demanda é mais comedida.
Com o dólar se segurando acima do importante nível de R$3,70, as expectativas para as exportações no restante do ano permanecem muito positivas já que existe a possibilidade de retomar os embarques para os EUA, aumentar significativamente os embarques para Rússia, iniciar embarques para Indonésia e isso sem contar com alguma melhora na demanda da China. Esse cenário vai ser fundamental para alguma retomada de preços mais significativa do boi gordo no Brasil, já que a recuperação do consumo no mercado interno ainda anda a passos lentos e provavelmente não contribuirá de maneira significativa para altas mais consistentes.
O curtíssimo prazo tende a ser bastante positivo para os preços do boi gordo, pois teremos uma conjunção de fatores muito altista no mercado, com exportações muito fortes, mercado interno de carne enxuto, virada de mês com carnaval, que melhora demanda por cortes grill enquanto diminui os dias de abate e tudo isso associado á escalas de abates muito curtas e dificuldades de compra. As condições para melhoras de preço estão dadas, resta saber se a boa e velha oferta x demanda confirmará os prognósticos ou não.
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” da Scot Consultoria***