São Paulo, 05/12/2019 – A alta demanda da China e de outros países da Ásia por carne bovina, em decorrência dos casos de peste suína africana na região, deve manter os preços globais da proteína sustentados no ano que vem, segundo o Rabobank. Em relatório trimestral divulgado há pouco pelo Rabobank. O gigante asiático deve absorver o aumento da produção na América do Sul, em especial Brasil e Argentina.
A China deve ter demanda “extremamente forte” pela carne bovina no ano que vem, de acordo com o boletim, mesmo com o avanço nos preços locais. Isso porque, apesar de ter subido expressivamente nos últimos meses, a carne suína – principal concorrente – avançou ainda mais. “Em outubro de 2018, o preço da carne bovina era 2,8 vezes a da suína; mas em outubro de 2019 é apenas 0,6 vez mais alta”, informa o relatório. O país também deve continuar importando volumes consideráveis de carne bovina, como indicam as habilitações recentes de plantas – desde agosto, o Brasil teve 22 frigoríficos habilitados e a Argentina, oito.
Para suprir a demanda chinesa, a América do Sul deve aumentar a produção. O Rabobank reiterou a projeção para produção brasileira – aumento de 3,5% em 2020 – divulgada em evento na semana passada. O banco também projeta que as exportações brasileiras aumentem em 10,65% no próximo ano. Com as novas habilitações, o banco acredita que o Brasil aumentará as exportações para a China nos próximos meses.
Em setembro, o País já retomou o posto de maior exportador de carne bovina para a nação asiática, que era da Argentina. No vizinho sul-americano, a vitória de Alberto Fernández nas eleições presidenciais causa “incerteza” por falta de propostas para o setor e “maiores chances de tarifas mais altas para exportações de carne bovina”, que hoje estão na casa dos 5%. Mesmo assim, o Rabobank estima que os altos preços globais e a depreciação da moeda argentina possam compensar as eventuais tarifas. O avanço na produção argentina deve ser motivado tanto pela desvalorização da moeda quanto pelos preços recordes de bovinos vivos.
Nos Estados Unidos, a demanda doméstica é considerada boa. A preocupação da indústria seria o aumento de preços da carne que o país importa para processar. Os preços locais da proteína podem ser sustentados no ano que vem com a demanda de redes de fast-food, entre outras, por carne local para substituir a estrangeira.
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