Por Leandro Bovo da Radar Investimentos
A volatilidade dos preços no mercado futuro de boi gordo permanece nas alturas, numa movimentação frenética e muitas vezes sem conexão com os fundamentos, que têm deixado até mesmo os operadores mais experientes sem conseguir entender o que está acontecendo.
A movimentação do mercado físico também tem sido intensa e, depois de subir praticamente 70 reais nos últimos 60 dias, os preços iniciaram uma trajetória de queda que está assustando quem optou por reter a produção esperando por maiores altas. Acompanhe na figura 1 a evolução do índice Esalq à vista em 2019.
Por mais que seja doloroso não ter conseguido vender nas máximas recentes, é importante ter em mente a perspectiva de que os preços subiram 70 reais e, se consolidada, a queda de 30 reais, ainda deixará os preços 40 reais acima do que estavam 60 dias atrás, configurando um mercado em alta que há tanto tempo o pecuarista esperava. Por mais que as exportações para a China possam remunerar as altas recentes do boi gordo, o mercado interno ainda absorve 75% da nossa produção e a queda do consumo diante das altas recentes do preço da carne sinalizou de forma muito clara que esse patamar não seria sustentável.
Os fundamentos que deram a base para a alta dos preços do boi gordo continuam presentes e poderão até se intensificar em 2020. A queda de preços atual não significa nada além da correção de um mercado que na busca pelo novo patamar de equilíbrio, exagerou na alta e provavelmente vai exagerar na baixa, até encontrar esse novo patamar que viabilize a rentabilidade necessária para que os elos da cadeia prossigam com sua atividade.
Para quem não teve a coragem de enfrentar os preços altos da reposição das últimas semanas, essa queda pode ser uma boa oportunidade de iniciar as compras, já que com certeza existem diversos negociantes que compraram animais para revender acreditando em maiores altas e agora terão que baixar os preços para liquidar os estoques. Da mesma forma que os preços altos afugentaram o consumidor do mercado interno, a queda recente pode servir de algum estímulo ao consumo, uma vez que os estoques mais caros forem liquidados.
Os fundamentos permanecem positivos, agora basta ter calma para esperar que as novas relações de preços se restabeleçam e a roda volte a girar como antes, sempre focando no que está nas mãos do produtor, que é a busca pelo aumento de produtividade e pela queda dos custos.
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quarta-feira (12/12) da Scot Consultoria***