Por Leandro Bovo da Radar Investimentos
O mercado caminha já para o final da safra com uma estiagem de mais de 30 dias na praça paulista e sem uma pressão efetiva nos preços do boi gordo no estado. É bem verdade que o fluxo de ofertas apresentou melhora nas últimas semanas, porém mesmo diante da lentidão do mercado interno as indústrias não conseguem impor recuos relevantes nos preços.
Grande parte da “culpa” para essa situação são as indústrias habilitadas para exportar para a China, cujo apetite segue muito firme e com margens tão positivas que a preocupação maior é em ter o boi na escala nos preços atuais do que em tentar impor algum recuo. Existem indústrias exportadoras com escalas de até 15 dias completas e ainda pagando acima de R$ 200,00/@ nos animais abaixo de 30 meses aptos à exportação. A firmeza da praça paulista porém não foi acompanhada de perto por todas as praças pecuárias, o que levou os diferenciais de base a níveis não vistos em muito tempo no mercado, com destaque para o MS, que chegou a -12% nessa semana. Acompanhe na tabela abaixo:
Os diferenciais de base abertos são apenas parte de várias situações de mercado que dificultam ainda mais entender a firmeza do mercado atual. Soma-se a isso o período de final de safra com a longa estiagem em São Paulo e MS e o diferencial bovino x suíno e bovino x frango em patamares altíssimos, o que teoricamente beneficiaria o consumo das proteínas concorrentes frente a proteína bovina.
Até agora o que ajudou a sustentar os preços foi a combinação de diminuição dos abates e aumento das exportações, que ganharam mais relevância na precificação da @. A pergunta que todo mundo do mercado se faz é se essa diminuição dos abates ocorreu por conta de retenção de animais nos pastos, ou se foi por uma queda efetiva na disponibilidade de animais terminados durante a safra. Fica difícil imaginar que os pecuaristas ainda estejam retendo animais na atual situação das pastagens e com preços ao redor de R$ 200/@ em São Paulo. Muito provavelmente o que ocorreu foi uma antecipação desses abates para o início da safra na esteira dos preços altos do final de 2019. Se for esse mesmo o caso, como ficará a oferta na entressafra? Com a palavra os confinadores…
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quinta-feira (21/mai) da Scot Consultoria***