Por Leandro Bovo da Radar Investimentos
O dólar que havia sido o grande propulsor do preço de todas as commodities nesse ano no Brasil parece que começou a dar sinais de acomodação e já não apresenta mais a exuberância dos últimos 6 meses. Após praticamente atingir o patamar recorde de R$ 6,00/dólar, a moeda americana veio derivando pra baixo e apesar da enorme volatilidade ocorrida durante o movimento, parece que encontrou algum equilíbrio de curto prazo entre os R$ 5,20 e R$ 5,30/ dólar.
Esse movimento junto com a alta do boi gordo no Brasil fez com que o preço da nossa @ em dólares que chegou a estar 33% abaixo da média dos últimos 10 anos corrigisse muito rapidamente esse deságio retornando para sua média histórica como pode ser observado no gráfico abaixo.
Esse movimento apenas corrigiu uma enorme distorção que tínhamos até então, e ainda está bem longe de dizer que nossa carne está cara no mercado internacional. O que aconteceu foi apenas um movimento normal e esperado de retorno à média, porém, da mesma forma, não temos mais a vantagem de estar extremamente baratos para os nossos compradores. A Argentina por exemplo, que compete conosco no mercado chinês está atualmente 10% mais barata que nossa carne e apesar de não terem o volume necessário para atender o apetite chinês, a qualidade do seu produto é equivalente á nossa.
Essa situação não é motivo para nenhum alarme e nem grandes preocupações de curto prazo, até porque existem outros fatores fundamentalistas impactando muito mais nossa produção do que apenas o preço da @ em dólares. Além disso nada impede que da mesma forma que estávamos abaixo da média, nós possamos a partir de agora ficar acima da média histórica em dólares. Apenas para comparação, no auge das compras chinesas em novembro de 2019 estávamos em US$ 55/@. Porém como são as exportações o principal driver atual de precificação do nosso produto, é importante acompanhar a evolução dos nossos preços em dólares pois será ele que determinará até onde o movimento de alta do boi terá folego para andar no restante do ano.
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quinta-feira (17/set) da Scot Consultoria***