Por Douglas Coelho da Radar Investimentos
A expressão popular do título pode ser usada de três formas neste artigo.
A primeira forma está relacionada ao momento atual do mercado físico do boi gordo. A média das escalas de abate em SP atingiu o maior nível de 2019, em 4,45x dias úteis. Algo parecido nestes níveis foi visto ao redor dos dias 18-19 de dezembro de 2018. Este é o principal motivo para a redução dos preços de balcão nos últimos dias em SP. De fato, “passou” mais bois do pecuarista para a indústria. A frequência das chuvas foi reduzida e, se for acompanhada de queda das temperaturas entre o final deste mês e início de junho, a competição por boiadas prontas pode continuar relativamente mais calma nos dias seguintes.
O intervalo das tentativas de compra no estado ficou maior, entre R$152,00 e R$158,00/@, à vista. As cotações da banda de cima variam de acordo com a distância, qualidade do animal e nicho de atuação da indústria.
A segunda forma está ligada às exportações de carne bovina. Aqui, a boiada está passando a ponto de congestionar as estradas. Nos quatro primeiros meses 2019, o volume de carne bovina in natura embarcado do Brasil já foi 13,8% maior comparado ao mesmo período do ano passado. A comparação de 2017 não seria “justa” em função daquele cenário conturbado, mas apenas para efeito de conhecimento, o crescimento do montante seria de 32,3%. Talvez este seja o fundamento que mais esteja em evidência no setor, principalmente olhando para o segundo semestre.
O terceiro uso do “onde passa um boi, passa uma boiada” tem a ver com as ferramentas de proteção de preço, seja via mercado futuro ou o mercado de opções. O aumento recente da volatilidade e o mercado externo pujante trouxeram mais players/participantes aos negócios.
É importante lembrar que o número de contratos em aberto já foi bem maior em anos como 2007 e 2010. No entanto, ao fazer uma comparação simples, o número de contratos de boi para out/19 hoje está em 5.302, enquanto no mesmo período em 2018, este número girava ao redor de 3.500.
O aumento do apetite chinês por proteína animal (de uma maneira geral) e a tramitação da reforma da Previdência são fundamentos que podem apimentar ainda mais esta volatilidade. Os próximos meses serão decisivos para o rumo da boiada, porém os sinais são positivos nos primeiros trechos desta comitiva.
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quinta-feira (9/5) da Scot Consultoria***