Por Leandro Bovo da Radar Investimentos

A semana das commodities foi muito agitada, novamente com o mercado renovando suas máximas em todos os vencimentos futuros de boi e de milho. O gatilho para essa nova rodada de altas dessa vez foi o relatório do USDA que reviu para baixo os estoques americanos de milho e soja, além de mostrar uma intenção de plantio da safra 2021 abaixo do que o mercado previa. Essa leva de dados negativos levou o mercado americano a operar no limite de alta tanto no milho, como na soja e nos seus derivados, farelo e óleo, numa reposta muito violenta e rara de acontecer.

No Brasil a resposta no mercado de milho foi imediata e apesar de não atingir o limite de alta do pregão, as altas foram bem consistentes, renovando as máximas de todos os vencimentos. Com o custo de alimentação subindo, o boi seguiu a mesma tendência, também renovando as máximas para todos os vencimentos, com maio21 na máxima a R$ 311,90 e out21 na máxima a R$ 327,00/@.

A situação mundial do mercado de commodities é extremamente delicada. As consequências da Peste Suína Africana na China são gigantescas e durarão por muitos anos. Primeiramente na demanda por proteína animal, com a China tendo que drenar produção do mundo inteiro para suprir o seu déficit. Além disso há o impacto no mercado de grãos, já que a migração da suinocultura chinesa de uma produção de fundo de quintal com os animais se alimentando de “lavagem” para uma produção mais tenrificada onde os animais se alimentarão de ração tem amentado ainda mais a já grande demanda Chinesa por grãos.

Não é novidade para ninguém a importância das exportações para a precificação do boi gordo no Brasil e nesse aspecto é desnecessário dizer a importância da China. Muitos se preocupam com a enorme concentração de nossas exportações para os Chineses, que somados a Hong Kong tem absorvido ao redor de 60% de tudo que exportamos. O que pouca gente mostra é que a China também é muito dependente do Brasil, sobretudo na Carne Bovina. Acompanhe no gráfico abaixo os últimos dados da procedência das importações de carne Bovina Chinesas atualizados até fev21.


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Reparem que o Brasil sozinho fornece 40% da carne bovina importada pela China, sendo que se somarmos Argentina e Uruguai, essa participação vai para 77%. Não é a toa que a @ em dólares desses 3 países convergiram recentemente para o mesmo patamar dos US$ 55/@.

No curto prazo essa situação não deve ser revertida e a nossa “Chino dependência” nas exportações é contrapartida da “Brasil dependência” das importações Chinesas. Esse é o momento para o Brasil se consolidar como o principal exportador mundial de alimentos. Resta saber apenas quanto das altas recentes de preço afetarão o apetite do nosso parceiro comercial.